domingo, 20 de janeiro de 2008

O Encerrar das Ruas

vi as ruas fecharem-se esta noite: como
homens cobrindo o corpo após pecar.
o som dos meus passos naquela calçada
está mudo: enclausurado.

estamos presos no exterior das ruas e
cada gesto nosso: confinado
à prisão: dessas ruas. cada beijo, cada
saltar cruel do peito e contorcer do cérebro
já sucedido ou por suceder:
encerrados nessa calçada húmida da chuva
que já nela não chove mas:
ainda choveu.

vi as ruas fecharem-se esta noite
e permanecerem tão abertas
como todos os livros. e o homem
permanece nu, sob as vestes.

3 comentários:

Anónimo disse...

...o homem nú nas páginas de um livro... o livro em branco jazzy.

Jonas disse...

Não me atrevendo a beliscar o teu estilo de pensar...apenas uma 'sugerência' estética e amiga no estilo de escrever:
-Pq não mandas dar uma volta ao bilhar grande a esses malditos 'dois pontos'?
Ora experimenta conceder mais um pouquinho de liberdade ao leitor...
Deixa para ele a colocação dessa 'epoqué'...

eh pá!, agora fui ridiculamente erudito...!)
Ah, mas já estou à vontade contigo, desculpa a ousadia e o humor.
Abraço

Igor disse...

desculpas aceites, jonas.
a utilização dos dois pontos prende-se unicamente, na minha escrita, com a criação de um contra-peso para os versos. basicamente, o leitor poderá ler na divisão estruturada de versos, na da pontuação, uma mistura ou nenhuma das duas, inventando a sua própria musicalidade. Chamemos-lhe uma mera sugestão ao leitor...
E, para ser sincero, cansei-me da possibilidades dos poemas sem pontuação e decidi tentar outras coisas. É assim como que uma experiência de laboratório, a ver se crio um monstro como o do Dr. Frankenstein...