terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Mão Morta

hoje: crescem-me as mãos
pedindo
que as estenda
sob todas as lágrimas.
[mas falham-me os braços e não sei que gesto; balança-me o corpo incerto
de um abraço que não posso dar porque
todas as palavras, todos os verbos que se me adivinham
parecem agora tão vazios e dizer que
no anteceder da cova ainda se sonha o céu azul
é tão inútil de tão repetido e não adianta dizer
a cegonha
quando tudo nesses olhos são corvos.
e nos meus eu sei [como decerto sabias um dia]
que o sol se vai erguer no céu amanhã
indiferente e tão diferente
clamando ao mundo um novo Respirar;
porém falham-me os braços incapazes de dizer tudo isto e só o sopro gélido
do meu silêncio.]
hoje: crescem-me as mãos
num corpo que definha.


Igor Lebreaud

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