sábado, 8 de dezembro de 2007

Vislumbres do Real

abre a porta. vê a cova vazia em que dormimos.
ninguém sonha neste leito e somos as ostras
que recusaram seguir o carpinteiro, as que ele
não devorou mas ascenderam mártires canibais.
abre a porta. desliza e deita-te na cova vazia.
ninguém conhece o ar que o amanhã respira e
não dormimos, recusamos o sonho e o acordar.
nada nos pode salvar. e hasteamos a guerra.
abre a porta. nada ficou. é matar ou morrer.
abre a porta. vê a cova vazia que temos por altar.


Igor Lebreaud

2 comentários:

Anónimo disse...

falando do mesmo pode-se sempre chamar tantas palavras...Imagens!
cassamia

nonsense disse...

Pelas palavras de Pedro Paixão:


"As nossas almas saberão de nós

Querida Helena,
ver-te não é como ver qualquer pessoa, é ver-me pelos
teus olhos.
O que vivemos foi demasiado belo para que nos arrisquemos
a perdê-lo na indiferença.
É assim preciso a coragem que torne o nosso afastamento
tão belo como o nosso encontro.
Só o silêncio nos poderá agora ajudar. O silêncio preservar-
nos-á dentro de nós, no sítio onde nos encontrámos e
onde continuaremos juntos, muito quietos, a olhar-nos fixamente
nos olhos.

Nós não, mas as nossas almas saberão de nós."


Uso e abuso das palavras de outros...:)