terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Balada do Homem da Lua

foi ao nascer: os dedos fizeram-se agulhas e os lábios
arame farpado e o pénis míssil nuclear.
vinha para a rua e
as meninas de organdi
mostravam-lhe o corpo e diziam
"guardei-o para ti."
foi sem querer: abriu-lhes a pele e
fez tricot dos seus tendões: uma camisola
e algumas meias
para dias de mais frio.
explodiu-lhes lá dentro e deixou-as sem nada.
deram-lhe uma pasta e mandaram-no ser gente
e as meninas
de organdi
acenavam-lhe da rua [esta tão bonita; aquela tão nua].
rasgou-lhes os lábios;
explodiu-lhes lá dentro e ficou sem nada.
não soube entender: surgiu uma menina
Sem laços
Ou organdi
que disse "não te mostro o corpo; não sei se é para ti"
e ele rasgou-lhe os lábios:
furou-lhe o peito.
e sem ver que a menina trazia no cabelo
um enfeite que era a Lua
explodiu por dentro pedindo-lhe que fosse sua.
e a menina deu-lhe o enfeite
e ele carrega agora seu fardo lunar.
a Menina?
foi para a Lua bailar.


Igor Lebreaud

1 comentário:

Anónimo disse...

MARAVILHOSO!!!!