segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

No Murmúrio das Águas

um sussurro. suave:
por onde caminhamos vagos, imperceptíveis
na margem do rio que procura a foz
e nós
a nascente.
é nesse sussurro que me olhas
é nesse
sussurro (tão suave)
que te encontro
quando as horas me exigem o passo
rápido dos homens cor de cinza
(e eu não quero ser cinza - não quero)
é nesse vibrar trémulo
das nossas vozes
é à margem desse rio
que colocamos a primeira pedra e
a pouco
e pouco surge
o templo inatingível
onde o tempo nunca chega.

(Suave: o homem faz-se tempo e as eras tomam
o seu nome)


Igor Lebreaud

2 comentários:

Anónimo disse...

que maravilhoso igor!
cassamia

nonsense disse...

E no topo do templo, sentados e de mãos dadas, podem ver o rio que corre...
às vezes é mesmo necessário voltar ao começo do tempo.
Inocente e puro.
Branco não cinza.