sentámo-nos. sobre a mesa duas chávenas: vazias. finjo uma palavra que cai -morta- no abismo da tua chávena. acendo um cigarro que geme a agonia da sua cremação; nem o levo aos lábios: já ardeu. um instante: acendi-o no tic: inflamou-se no tac.
sentados, defronte da mesa fria do café, trocamos fantasmas e evitamos olhares. naquela mesa lá longe: estamos ainda sentados: antigos: no silêncio de um sorriso: há muito tempo. mas agora: tusso uma palavra: deita-la na chávena. penso: o amor era o silêncio.
sentávamo-nos noutra mesa: ainda lá estamos: esbatidos. penso:
o amor era outra mesa.
perguntas "Entendes?"
finjo que sim: e mergulho na chávena: vazia.
sentados, defronte da mesa fria do café, trocamos fantasmas e evitamos olhares. naquela mesa lá longe: estamos ainda sentados: antigos: no silêncio de um sorriso: há muito tempo. mas agora: tusso uma palavra: deita-la na chávena. penso: o amor era o silêncio.
sentávamo-nos noutra mesa: ainda lá estamos: esbatidos. penso:
o amor era outra mesa.
perguntas "Entendes?"
finjo que sim: e mergulho na chávena: vazia.
Igor Lebreaud
12 comentários:
nao devias fingir que sim.
cassamia
não tenho outra saída. as escolhas não estão nas minhas mãos.
as escolhas nunca estão, estiveram ou estarão nas nossas mãos: é noutra parte do corpo. está fora dos cinco sentidos e às vezes esquecemo-nos dela.. há quem lhe chame muitos nomes. eu não lhe chamo nenhum, e apesar de nos tratarmos por tu e termos uma relação, diria, cordial, volta e meia também andamos às turras.
(sabes o que é andar às turras??)
(e infelizmente acerta mais ela que eu)
só que eu pertenço ao mundo dos cinco sentidos.
cassamia
(tenho meia dúzia de galos de tanto andar às turras - por vezes com o mundo inteiro)
eu sei que as escolhas nunca nos estão nas mãos, embora às vezes se ande por aí com uma certa parte do corpo nas mãos, que gosta de contrariar as nossas decisões. Sucede porém que para não fingir que sim era preciso ainda estar sentado noutra mesa e não ter nada para dizer.
Ás vezes o amor morre, de pé como as árvores e fica ali, cansado, exangue.
Claro que, ao fim e ao cabo, isto é apenas um poema, nada mais.
quando o amor morre, há sempre uma coisa a dizer: olha, o amor morreu.
isto claro sentados à mesa no canto do poema café.
pessoa diz: no apodrecimento há fermentação.
falemos de morte!
cassamia
olha: o amor morreu.
espero que a ferida seja fatal...
bolas! não queres fazer a coisa por menos? tem mesmo que ser fatal?
tipo, foi muito bom, tipo,valeu a pena ter vivido até aqui, sei lá.. ou então só: olha o amor morreu, assim, sem acrescentar mais nada?
é que se continuas a conversa nunca mais sais da mesa e da cadeira e do poema...
cassamia
gostaste da música que te ofereci?
cassamia
http://nonsensecom.blogspot.com/
lê o último post...tanto se pode matar como apaziguar...depende a tua vontade...
ah, sim, adorei a música!
(sem problemas com esta conversa; fugi do café sem pagar...)
e adorei o post sobre a arte da despedida.
não há nada como uma infracçãozinha pra nos sentirmos vivos!
xnão há nada como uma infracçãozinha pra nos sentirmos vivos!
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